quarta-feira, outubro 24, 2007

Este futebol vive da boa vontade!

Desculpem lá, mas este é daqueles posts longos, mas vale bem a pena ler com atenção.
O texto a seguir é um excerto de um trabalho de Eugénio Pinto, publicado já em 1997 no Noticias Magazine. Um um trabalho muito bem realizado e onde o autor demonstra muito bem a importância que o futebol distrital ou amador, tem no plano regional bem como a nível nacional. Começo por publicar este excerto que nos fala sobre a função social deste futebol.

"No futebol amador, o mais difícil é manter a equipa unida. "Não são profissionais, ninguém os pode obrigar a nada. Mas a malta gosta disto e aparece, o que a malta quer é estar junta. A sorte do amador é que é possível fazer um grupo de amigos. Do que nós gostamos é de jogar futebol e que haja convívio, mesmo que se perca", afirma Rui Oliveira. José Rebelo diz que "nós aqui formamos homens, saem daqui miúdos que se formam para a vida, damos aquilo que o Estado não dá. Nos clubes grandes estão os melhores. Se o futebol fosse só para os bons, os outros miúdos não podiam jogar futebol. Iam para os cafés e sabe-se lá para onde. Nós não pensamos em subidas de divisão. O nosso objectivo é manter o nosso clube e contar com os pequeninos que vão crescendo, que vão subindo e chegam onde quiserem".
Por estas razões, afirmam que é necessário apoiar com outros meios o futebol distrital e amador. O Paraíso luta com dificuldades para comprar uma carrinha para as deslocações. E um pequeno apoio, por alguma entidade, podia resolver esse problema. Têm um projecto para a nova sede, mas não há dinheiro. Esperam. No Foz acontece a mesma coisa. Há um projecto "imenso" para transformação daquela área num complexo desportivo. "Como nós vamos andando com imensos sacrifícios, somos ignorados".
Daí que o futuro pareça "muito negro" a José Rebelo: "Cada vez é mais dif6iacute;cil. Não há apoios, meios físicos, campos, estruturas. Devia haver apoio das autarquias. O futebol é bonito se praticado na relva, é mais confortável, há menos lesões". Para José Torcato, o futebol distrital é "salutar. Nós andamos aqui porque é bom andar aqui, divertimo-nos, entretemo-nos um bocado. Vimos para aqui gratuitamente e quem vem é porque gosta disto. E deixa de ter interesse se houver outras coisas metidas nisto!".
Rui Oliveira não gostava que o futebol amador acabasse: "Os custos que estão a impor ao amador podem levar a que isso aconteça". Pedem uma diminuição das despesas à Associação de Futebol do Porto e policiamento gratuito. Pedem estruturas. "Se houvesse estruturas podiam ser feitas mais coisas. Fazem falta estes espaços para a educação das crianças, para lhes dar uma forma de vida mais sã", comenta José António Noverça.
A tendência será este futebol continuar a viver da boa vontade de meia dúzia de pessoas. Nalguns casos, por falta de meios, haverá a extinção de clubes. Outros irão continuar com enormes dificuldades enquanto não houver uma nova política de criação de infraestruturas desportivas para uma maior liberdade de prática desportiva, seja ela qual for. Nos distritais e amadores, tirando algumas equipas, e essas com outros objectivos, trabalha-se por "amor à camisola e aos miúdos. Quem anda por gosto não cansa"
Viva ADFA

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